8 de jun. de 2010

História 4

O BESOURO E O GAFANHOTO


Narradora: Numa linda manhã de primavera o Besouro acordou muito felizzzz... seus planos de negócio e sua família o deixavam tão contente!
Besouro: Sou besouro de qualidade, eu tenho o que sempre quis: dinheiro e tranqüilidade, por isso sou tão feliz!
Narradora: E o Besouro, que era o bichinho mais rico e importante daquele lugar, resolveu contar à esposa os seus planos para o futuro.
Besouro: Sabe querida, essa noite sonhei com minha nova cantina. Era maravilhosa! Tinha azulejos floridos, telhas brilhantes e um letreiro luminoso anunciando: GRUTA DO BESOURO! Ah, há, há! Vou ganhar rios de dinheiro... poderemos viajar muito e dar aos nossos filhos tudo o que quiserem!... assim que o Gafanhoto desocupar o terreno, a cantina subirá rapidamente. Que beleza!
Dona Besoura: Você vai despejar o Gafanhoto? Oh! Não, não faça isso, por favor! Ele é tão pobre... enquanto que nós temos de sobra para repartir... e depois, temos tantos terrenos onde construir a cantina!
Narradora: Fingindo não ouvir a esposa, o Besouro se preparou para sair. Olhou-se no espelho e sentiu-se envaidecido... E enquanto acabava de se arrumar ia dizendo secamente.
Besouro: Querida, não quero brigar com você, mas quero que deixe os negócios por minha conta! Eu sei o que devo fazer, o que devo repartir e a quem devo ajudar! Até logo!
Narradora: E assim falando encaminhou-se para o seu lindo carro. O Pulgão, que era o seu chofer de confiança, já estava de prontidão e perguntou-lhe:
Pulgão: Para onde vamos, Senhor?
Besouro: À casa do gafanhoto.
Narradora: Apesar de pobre, o Gafanhoto era bom inquilino e pagava pontualmente o aluguel. Mamãe Gafanhoto o ajudava em tudo. Cuidava da casa, lavava e costurava até altas horas da noite, mas o seu tempo mais importante era a hora em que ela cuidava de seus filhinhos.
Mamãe Gafanhoto: Antes que a noite desça, e um novo dia apareça, dorme e sonha filhinho, com meu amor e carinho. A gente esquece a tristeza, sentindo a paz e a beleza, que Deus pôs com tanto amor, até numa simples flor.
Narradora: A cena era linda. O bebezinho adormeceu. Mamãe Gafanhoto o acomodou no berço, quando alguém bateu na porta. O Gafanhoto, que estava de saída para o trabalho, atendeu:
Gafanhoto: Bom dia, Senhor Besouro. Vamos entrar? A casa é pobre, mas tenho prazer em recebê-lo...
Besouro: Não, não, não, não se preocupe. Vim dar-lhe um aviso. Quero que se mude daqui. Preciso destas terras para construir minha nova cantina.
Gafanhoto: Oh! Sim? Não! Por favor, Senhor Besouro, dê-me um tempo, não sei para onde ir.
Besouro: O problema é seu, meu caro. Passe bem! E saia rapidamente!
Narradora: Pobre família Gafanhoto! Despejada de sua casa, passou a dormir ao relento e a sofrer muito frio. Mesmo assim, não eram infelizes porque se amavam muito e cada um procurava dividir agasalhos e alegrias para aliviar o sofrimento do outro. Os grilos e os sapos faziam uma verdadeira orquestra para adormecer os gafanhotinhos; e a lua era a grande lanterna que não os deixava com medo da escuridão da noite.
A notícia do despejo chegou ao ouvido de todos os bichinhos e as formigas foram as primeiras que quiseram ajudar.
Formiga: Oh! Precisamos fazer alguma coisa pela família Gafanhoto! Eles são tão bons e só porque são pobres não têm onde morar! Vou falar com a rainha. Ela sempre tem idéias geniais!
Rainha das formigas: Já sei o que podemos fazer para ajudar a família Gafanhoto. O meu batalhão de formigas fará uma passeata cantando e convidando todos os bichinhos da floresta a prestarem sua ajuda.
Narradora: Foi um alvoroço na floresta. As borboletas se ofereceram para ir de flor em flor colher as idéias e os conselhos que as árvores poderiam dar. Os passarinhos se reuniram na casa do João-de-barro que decidiu colocar logo sua idéia em ação.
Passarinhos: Amigo, Gafanhoto, não se aflija mais! Vou lhe fazer uma linda casa! Serei rápido, porque todos os bichinhos me ajudarão. Vou revesti-las de folhas macias para que fique bem quentinha.
Narradora: E a corrente da bondade foi aumentando... aumentando. Todos os bichos da floresta, todos traziam sua oferta; humilde, pequenina, mas muito amiga! O que se via era lindo! Uma verdadeira festa de fraternidade! E as formigas, agora, já podiam cantar:
Plan, plan, plan, rataplan, plan, plan, rataplan, plan, plan, rataplan, plan, plan. Plan, rataplan, plan, plan, rataplan, plan, plan, rataplan, plan, plan… Gafanhoto bom amigo. Não precisas mais chorar. Encontramos um abrigo. Que será teu novo lar!
Narradora: O Besouro, que estava cochilando em sua cama forrada de cetim, ouviu a algazarra das formigas e chamou sua secretária, a Borboleta, para que averiguasse o que estava acontecendo. Mas ficou boquiaberto com o que ouviu:
Borboleta: Patrão, lá fora tá uma beleza! Todos os bichinhos da floresta estão trabalhando e cantando!
Besouro: Por quê?
Borboleta: É o mutirão da bondade! E os passarinhos estão construindo, com ajuda de todos, uma linda casa para aquele coitado que o senhor...
Besouro: Já sei, já sei! Deixe-me em paz! Não quero estragar o meu descanso!
Narradora: Apesar de grosseiro, o Besouro começou a sentir uma pontinha de remorso. Sentiu-se egoísta e culpado. Resolveu disfarça-se e misturar-se à multidão para escutar os comentários. Como ninguém lhe deu atenção e importância voltou para casa aborrecido e pôs-se a cantar para não ouvir a voz do coração que o acusava como a esposa e os bichinhos todos.
Besouro: Eu sei que a felicidade, enfeita sempre o meu lar. E traz, até na saudade, os sonhos que eu quis sonhar!
Narradora: O tempo passou e o Besouro continuava muito rico, mas muito egoísta e sem amigos. Um belo dia, ao voltar da cantina, que ele havia construído no terreno onde morara o Gafanhoto, o Besouro ouviu de longe o crepitar das chamas e os gritos dos bichinhos:
Todos: Fogo, fogo, fujam! A floresta está em chamas! Vamos morrer queimados! Salve-se quem puder!
Narradora: Uma vespa abria caminho, gritando bem alto:
Vespa: Fujam, fujam, o fogo vem vindo aí!
Narradora: O Besouro parou um momento e percebendo que os rolos de fumaça subiam de sua própria casa, pôs-se a gritar desesperadamente:
Besouro: Socorro! Socorro! Não fujam! Ajudem-me a salvar minha família! Ajudem-me! Ajudem-me!
Narradora: Ninguém ouvia nada. Todos fugiam. Ouvia-se apenas o eco dos gritos do Besouro em meio ao barulho do fogo. Mas de repente, uma voz estridente se fez ouvir:
Gafanhoto: Amigos, não podemos abandonar a família do Besouro! Vamos todos lutar contra o incêndio, venham comigo e tragam água! Depressa! Todos! Todos! Todos!
Narradora: Ao chamado do Gafanhoto todos os bichinhos se uniram e conseguiram apagar o incêndio. Os besourinhos que estavam quase sufocados pela fumaça, foram salvos. Todos os bichos estavam felizes. O Senhor Besouro, pela primeira vez em sua vida, sentiu-se tão pequenino e tão humilhado que não tinha palavras. Mas o seu coração começou a crescer, a crescer... e na frente de todos os bichinhos ele foi pedir perdão ao Gafanhoto, que ainda o consolava, dizendo:
Gafanhoto: Ah! Agora está tudo bem, não precisa pedir perdão ou agradecer-me, Senhor Besouro! A vida de todos é muito importante e todos ajudaram a salvar sua família!
Narradora: A lição do amor e da amizade tocou o coração do besouro e ele percebeu como era bom ser bom.
Besouro: Saibam todos que foi o meu egoísmo que tirou o gafanhoto daqui, do centro da vila. Mas hoje, o meu coração experimentou a bondade de todos vocês e eu também quero ser bom! Por isso, neste terreno, ao lado da cantina, vou mandar construir uma linda casa para a família Gafanhoto, que de agora em diante já é proprietária do terreno.
Todos: VIVA!!!!

Regina Melillo de Souza

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